Desde o início da pandemia, ficou claro que ninguém estava devidamente preparado para enfrentá-la. Especialistas ao redor do mundo atribuíram à crise do coronavírus a classificação de “cisne negro”, caracterizada por eventos imprevisíveis com efeitos devastadores incapazes de se imaginar. Mas, um olhar atento para a situação como um todo revelou que os indícios estavam lá e foram sumariamente ignorados.
Em 2015, Bill Gates alertou que não estávamos preparados para uma epidemia em larga escala. “Se algo matar mais do que 10 milhões de pessoas na próxima década, é mais provável que seja um vírus altamente contagioso do que uma guerra”, disse.
Além de Gates, especialistas vêm prevendo epidemias há anos e, em janeiro de 2020, o Fórum Econômico Mundial também endossou o receio de uma ampla crise sanitária.
A esse novo cenário, no qual ganha força a tese de que evidências importantes foram deixadas de lado, deu-se o nome de “elefante negro”. Trata-se da junção das expressões “elefante branco” e “cisne negro”. Na prática, significa dizer que tal desastre era claramente visível, mas ninguém estava interessado em abordá-lo de forma preventiva. As consequências, como sabemos, estão sendo drásticas.
Tal como é a pandemia do coronavírus, outros eventos catastróficos podem surgir a qualquer momento e impactar profundamente o planejamento estratégico e o modus operandi das empresas. A pergunta é: como se prevenir de ameaças regionais ou globais? Como estar um passo à frente e minimizar os eventuais impactos de uma crise grave?
Replicamos abaixo algumas dicas publicadas neste post no site HBR, tendo o conceito de resiliência como base para enfrentar momentos complexos como este:
1 – Resiliência por meio de governança Os Conselhos formados nas empresas têm grande capacidade de atuar de maneira estratégica, monitorando movimentos e antecipando tendências. Cabe a eles a função de alertar a diretoria sobre riscos e cenários de estresse, para que ameaças potenciais sejam levadas a sério e consideradas no dia-a-dia. Na parte operacional, integrantes do Conselho podem encorajar os gestores a elaborar planos de defesa contra problemas que podem surgir, sejam eles físicos ou digitais, como se viu na pandemia com o aumento dos ataques cibernéticos, por exemplo. A promoção de soluções digitais capazes de agir como “backups” em cenários de conflitos também é uma atribuição relevante.
2 – Resiliência por meio de desenvolvimento de liderança Líderes com visão organizacional estratégica, criatividade e postura pró-ativa fazem a diferença em momentos turbulentos. São eles que costumam antever o futuro da empresa e provocar as mudanças necessárias para que ela seja menos vulnerável a crises. Também é responsabilidade do Conselho estimular o desenvolvimento de lideranças com este perfil. Responder de forma ágil e decisiva é fundamental. Para isso, é preciso o comprometimento de todas as partes para a implementação de visão holística da empresa, com alinhamento de propósito e comprometimento no longo prazo.
3 – Resiliência por meio de compensações Toda empresa visa a geração de lucro e é formada por várias partes interessadas no todo. Neste contexto, o Conselho pode ser útil para equilibrar necessidades de curto e longo prazo. Ao passo que os executivos buscam maximizar os resultados mês a mês, a sustentabilidade do negócio deve entrar na agenda de conversas com os investidores de olho no futuro. Isso significa direcionar esforços também para garantir resiliência diante de eventos inesperados. Assim, os incentivos oferecidos aos stakeholders podem ser tanto baseados em resultados quanto em ganhos estratégicos.
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