Ele está na ponta de língua de muitos candidatos nas entrevistas de emprego e é considerado discurso comum pela maioria dos recrutadores. O perfeccionismo tornou-se um dos vilões no processo de transição de carreira porque soa como uma característica vaga. Mas, acredite: apesar da desconfiança em torno do termo, ela existe na prática e pode ser uma pedra no sapato da produtividade.
Profissionais perfeccionistas tendem a buscar o nível máximo de detalhes em cada tarefa. O que aparentemente é uma qualidade, porém, pode se transformar em problemas no dinâmico ambiente das organizações. Afinal, em muitas situações, é preciso identificar o momento necessário para entregar as demandas no dia-a-dia, compreendendo o conceito “suficientemente bom”.
Neste conteúdo, listamos três aspectos centrais do perfeccionismo que estão presentes nos colaboradores de modo geral. Você se identifica com algum deles? Deixe o seu comentário abaixo:
1 – A dificuldade para tomar decisões desimportantes Escolhas fazem parte de qualquer trabalho, e decisões são tomadas o tempo todo. Mas, pessoas perfeccionistas tendem a ter dificuldade para se posicionar sobre tarefas consideradas pouco importantes. Seja para delegar ou agir rapidamente: o dilema que se coloca tem a ver com as imperfeições que este processo pode gerar. Se algo der errado em decorrência da decisão, o resultado pode ser uma dose excessiva de frustração difícil de ignorar. Daí o receio de correr riscos nos casos em que o esforço é mais dispensável do que aquele empregado em escolhas estratégicas.
Solução: A dica é encontrar maneiras de abrir mão do controle e terceirizar rapidamente resoluções que mereçam este grau de tratamento. Assim, cria-se um ambiente fluído, menos burocrático, mais ágil e menos opressor.
2 – A pressão para entregar mais e melhor A necessidade de demonstrar qualidade e comprometimento na entrega do trabalho pode gerar efeitos negativos como ansiedade e insegurança, especialmente quando ela tem origem moral. A lógica é a seguinte: pessoas perfeccionistas sabem que vão se dedicar intensamente para a realização de determinada tarefa e se autopressionam para ter desempenho acima da média. Por exemplo, se o prazo de mercado para realização do serviço é de um dia, é possível que o perfeccionista o reduza para algumas horas ou então sinta-se mal por performar na média. Com isso, acredita-se que o razoável não seja suficiente; é preciso ir além e estabelecer um padrão diferente dos demais. Um dos efeitos consequentes é o temor de que as pessoas fiquem desapontadas caso as expectativas criadas não se concretizem.
Solução: A dica é planejar-se para corrigir o curso do trabalho à medida que se observa os padrões de pensamento. Entender quais são os gatilhos que despertam a busca pelo desempenho superior e avaliar os efeitos disso. Se o preço pago for alto demais, recomenda-se rever o processo.
3 – A frustração diante de novos hábitos Quando perfeccionistas querem adotar novos hábitos, eles geralmente se enquadram em uma destas três categorias: estabelecem mais do que podem alcançar; só iniciam novos hábitos com a certeza de que o objetivo diário pode ser atingido, o que leva à procrastinação; ou selecionam apenas os hábitos aos quais podem aderir independentemente do que aconteça.
A flexibilidade é o antídoto contra esses comportamentos que podem ser frustrantes. Afinal, é compreensível (inclusive recomendado) que se tire um dia de folga da academia em caso de indisposição ou atraso, por exemplo, ainda que isso quebre uma sequência. O mesmo vale para compromissos firmados no ambiente do trabalho e novos comportamentos que possam ser incorporados à atividade profissional.
Solução: A dica é aplicar a autodisciplina de forma consciente, e não compulsiva. Para fazer bom uso da energia física e mental, é preciso criar uma relação saudável com metas estabelecidas a fim de conseguir realizar ajustes sem que isso gere desequilíbrio emocional e coloque todo o planejamento em risco.
Fonte: HBR
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