Carlos Alvim, Diretor Regional da STATO no Rio de Janeiro, é fonte de matéria publicada em O Globo:
Empresas buscam profissionais multidisciplinares, adaptativos e prontos para diferentes tarefas
Além de bagagem adquirida na faculdade e experiência profissional, os recrutadores andam em busca de pessoas com pensamento rápido e adaptativo. Em bom português, isso significa profissionais criativos e flexíveis o suficiente para encarar qualquer tarefa.
A tendência ganhou bastante espaço com o Enem, em um modelo de prova que valoriza a integração entre as áreas do conhecimento. Essa transdisciplinaridade agora tem se difundido rapidamente no mercado e já exige uma nova postura no universo corporativo.
Carlos Alvim é diretor regional da STATO, consultoria de talentos no Rio de Janeiro, e vê o momento como uma reação à geração de “superespecialistas”, que costumava desempenhar ações muito restritas – dentro da caixinha, no jargão do mercado – sem uma visão mais ampla dos processos.
— As empresas precisam de produtividade e resultados imediatos. Profissionais de visão abrangente reúnem conhecimentos de diversas áreas, como finanças, marketing e recursos humanos. Eles são capazes de tomar decisões em menor tempo — observa Carlos, ressaltando que a visão generalista pode resultar em mais criatividade.
Essa transversalidade é considerada um sintoma da época por Fernanda Chaud, coach mestre da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCoaching). Para a consultora, a era atual é de fácil acesso ao conhecimento e maior capacidade cognitiva entre profissionais e estudantes, que já experimentam essa mudança dentro da universidade.
— Saber apenas o que acontece em uma parte das disciplinas já não é mais suficiente. Temos capacidade de ir muito além cognitivamente. As escolas já entendem que as costumam chegar com muito mais conhecimento, curiosidade e energia — conta Fernanda.
Para aqueles que não cresceram com esse modelo mental, o desafio é descobrir como se adaptar a essa realidade de articulação entre as áreas. Nesse sentido, Carlos Alvim sugere que os jovens tirem proveito das plataformas digitais como espaços de conhecimento e colaboração virtual.
— A internet é uma vantagem para os alunos de hoje. Há um potencial imenso de informações complementares. Com a devida curadoria, é possível aprender sobre diferentes disciplinas por meio de vídeos e fóruns de discussão. O espaço on-line é ideal para conseguir um repertório variado — assegura Carlos.
Como um exercício desta transdisciplinaridade, Fernanda Chaud propõe um método de leitura para quem deseja se tornar informado em vários assuntos. Para começar, é preciso escolher diferentes temas de interesse e, a partir disso, criar metas de livros para cada tópico.
Dentro desse sistema, um artista plástico, por exemplo, não leria só livros de arte, mas também títulos sobre marketing, administração e contabilidade. O objetivo final seria ganhar intimidade com áreas de conhecimento variadas e úteis ao profissional. Para isso, a coach aconselha:
— Amplie o leque de leituras. Assim que um assunto fizer bastante sentido, com bom entendimento, que o torne capaz de conversar sobre o tema, a pessoa já pode mudar para o próximo tópico. Em alguns meses, com um pouco de leitura diária, o estudante terá capacidade de falar sob várias óticas — afirma Fernanda.
No entanto, a consultora critica excessos. Para ela, esse é um assunto que deve ser analisado cuidadosamente pois os exageros podem transformar os profissionais em generalistas.
— O principal é que o aluno tenha foco em uma área, mas saiba entender diversos campos de estudo. Isso sem esquecer que conhecimento variado é ótimo, mas abrangência demais nem sempre é útil — lembra Fernanda.
Já Carlos Alvim pondera que o foco na transversalidade não deve atrapalhar a profundidade técnica dos assuntos.
— O problema desse modelo ocorre quando começam a surgir respostas menos técnicas. Se houver necessidade de avaliação mais profunda, um profissional superespecialista ainda leva vantagem — conclui Carlos.
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