Introversão e liderança: indo além dos estereótipos
- STATO INTOO
- há 6 dias
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Por Laísa Weber Prust
Recentemente, durante uma entrevista simulada que conduzi como parte do programa de outplacement da Stato Intoo, ouvi uma afirmação que me chamou a atenção. Ao ser questionado sobre sua liderança, um jovem gestor iniciou dizendo: “apesar de ser introvertido, sou um bom líder.”
Essa fala reflete uma crença bastante comum no mundo corporativo: a de que extroversão é um pré-requisito para liderar com sucesso. Será mesmo?
Por muito tempo, construiu-se a imagem do líder ideal como alguém carismático, expansivo, sempre disposto a falar em público e energizar equipes. Porém, Susan Cain (2012) mostra que liderança não se define pela expressividade na comunicação, mas pelo impacto das ações. No livro O Poder dos Quietos, a autora desmistifica a ideia de que apenas os extrovertidos têm perfil para liderar. Ela mostra como características tipicamente associadas a introvertidos — como escuta ativa, capacidade de observar antes de agir, empatia e reflexão estratégica — podem ser diferenciais valiosos em posições de liderança.
Cain (2012) apresenta dados de pesquisas conduzidas por acadêmicos como Adam Grant (Wharton School) que revelam: em equipes com colaboradores proativos, líderes introvertidos frequentemente alcançam melhores resultados do que líderes extrovertidos. Isso acontece porque os introvertidos tendem a dar espaço para que as ideias floresçam, em vez de monopolizar a fala ou direcionar todas as decisões.
Essa postura gera engajamento, senso de pertencimento e maior colaboração, elementos essenciais em ambientes de inovação e transformação.
Ao reconhecermos que liderança vai muito além de um estilo de comunicação, ampliamos o espaço para a diversidade de perfis. Liderar é sobre inspirar confiança, tomar decisões responsáveis, criar ambientes seguros para o crescimento e influenciar pelo exemplo.
Quando valorizamos apenas a presença expansiva, corremos o risco de perder talentos que, silenciosamente, exercem um impacto profundo e duradouro nas organizações.
O episódio com o jovem gestor reforça um ponto essencial: não se deve responder uma pergunta de entrevista de emprego justificando uma característica pessoal como se fosse uma fraqueza. A introversão não é uma limitação, mas uma forma de liderança que pode ser tão ou mais eficaz quanto a extroversão, dependendo do contexto.
Ao abraçarmos diferentes estilos, enriquecemos as possibilidades de sucesso das equipes e tornamos as empresas mais inovadoras e humanas.
Se você é introvertido e busca uma posição de liderança, não minimize sua forma de atuar. Reconheça e valorize suas próprias forças. Como lembra Susan Cain, “não precisamos gritar para sermos ouvidos”.
Cain, S. (2012). Quiet: The power of introverts in a world that can't stop talking. New York: Crown Publishing Group.
(No Brasil publicado como “O poder dos quietos: Como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar”, pela Editora Agir, 2012).
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