O mercado econômico foi sacudido nesse mês por mais um duelo de grandes proporções entre as duas maiores potências globais. Estados Unidos e China travam o novo capítulo de uma guerra comercial que se arrasta há anos. As consequências são sentidas nos quatro cantos: a turbulência financeira impacta a valorização das moedas e gera incertezas em setores diversos. Como o Brasil está inserido neste contexto?
Segundo a Confederação Nacional da Indústria, a disputa entre as duas maiores economias mundiais é benéfica para o País no curto prazo. Isso porque a elevação das tarifas de importação abre espaço para as exportações brasileiras, que tiveram uma alta relevante e passaram de US$ 22,5 bilhões, em 2017, para US$ 30,7 bilhões em 2018 devido ao atrito americano e chinês. A soja foi o insumo nacional mais valorizado no exterior.
A análise de médio e longo prazo, porém, é mais crítica. A guerra comercial entre EUA e China causa o temor de uma recessão global, que afetaria também o Brasil, cuja economia demora a se recuperar. A boa notícia, segundo analistas, é que caso o choque internacional seja ainda mais forte, as consequências podem ser suavizadas por aqui graças a recentes medidas que agradaram ao mercado, como a aprovação da reforma da Previdência.
Paralelamente à guerra comercial, outro ingrediente azedou o caldo da economia brasileira em agosto: as prévias da eleição presidencial na Argentina. A ampla vantagem obtida por Alberto Fernández, candidato ligado à ex-presidente Cristina Kirchner, sobre Maurício Macrí gerou instabilidade econômica e mexeu com a alta do dólar. Sabe-se que em momentos tensos, a moeda americana se valoriza ante o real. Neste mês, o dólar voltou a ultrapassar a barreira dos R$ 4, o que não acontecia desde maio.
A eleição argentina preocupa também
o Brasil, e a possível volta do kirchnerismo ao poder foi alvo de duras
críticas do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o
governo teme que o provável novo presidente argentino seja um entrave para
acordos comerciais assinados recentemente com a União Europeia. E um eventual
conflito econômico com o país vizinho seria prejudicial economicamente, já que
a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial brasileiro, atrás de EUA e
China.
Em meio a tantas turbulências políticas e
econômicas, o mercado de trabalho segue com o freio de mão parcialmente puxado.
Embora os últimos meses tenham registrado bons índices de geração de empregos
com carteira assinada, a taxa de desempregados ainda é de 12,5% e atinge cerca
de 13 milhões de pessoas. A conferir o desenrolar dos próximos capítulos.
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